quinta-feira, 12 de julho de 2012

Seattle (parte 3)



 Visito um sebo. Não lembro o nome, só sei que é bem alternativo. As donas são feministas-lésbicas-veganas-anarquistas. Ou pelo menos é o que elas querem que eu entenda, pelas roupas e pôsteres na loja.  Como acho a decoração bem peculiar, pergunto se tudo bem eu tirar fotos do local. Elas três olham umas para as outras, sérias. Seriedade é uma marca das feministas-lésbicas-veganas-anarquistas. Explico que trabalhei numa livraria por oito meses e que recém me demiti, mas que ainda sinto falta de estar entre livros. Depois de uma rápida reunião, que não passou de uma troca de olhares entre elas, autorizam a realização de imagens, contanto que nenhuma delas apareça nas fotografias. Puxa, elas deve ser realmente procuradas pela CIA né? Não sei o que fariam se soubessem que a livraria onde trabalhei é a maior rede do Canadá, ou seja, uma grande corporção, do tipo que monta árvores de Natal gigantescas no Natal, que vende corações no Valentine’s day e que monta mesas com títulos como “Livros que sua mãe vai gostar” no Dia das Mães. Será que cuspiriam em mim, depois de me olhar com desprezo por ser um legítimo representante do sistema opressor? Ou melhor, será que me acolheriam em seus braços tatuados com frases em latim,  embaixo de suas axilas peludas por ser eu uma desgraçada vítima do capitalismo selvagem, ignorante do meu papel na grande  máquina? Não faço ideia, só sei que gente que se leva muito a sério é engraçada.






Típico habitante de Seattle tirando uma gostosa soneca.


Não há o que não haja em Chinatown.


Seattle é uma cidade muito linda.

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