domingo, 22 de julho de 2012

San Francisco - Inevitáveis Despedidas e improváveis reencontros


Assim como aconteceu por 17 meses em Vancouver, a viagem contínua implica também despedidas. É meio ridículo dizer que vai sentir falta de pessoas com quem conheceu por apenas três dias ou até mesmo uma noite. Mas, como disse um outra vez, o ambiente de viagem fortalece a intensidade das relações. Ou é simplesmente um apego idiota de querer passar mais tempo com pessoas com quem a gente se diverte fácil. Em 16 dias de viagem conheci algumas pessoas com quem me diverti mas que não tenho uma particular vontade de rever, são como aquelas amizades instantâneas de festa, em que as pessoas se abraçam, dão high five, dizem coisas como “você é o cara”, e na manhã seguinte, quando a sobriedade chega, o máximo de contato que se tem é um discreto levantar de sobrancelhas mútuo, ou nem mesmo isso.
Mas há outras mais difíceis de esquecer, aquelas que fazem a viagem valer a pena. Como Matthew (Portland), o americano de Louisianna, que depois de cinco minutos na sua casa já me fez sentir como se fôssemos roommates há meses; ou Henrietta (Seattle), a alemã que desmascarava a falsa espontaneidade das minhas piadas ensaiadas (mas que depois as anotava num caderno); Johan (San Francisco), o motorista de caminhão sueco de poucas mas boas palavras; ou Jiyeon (San Francisco), coreana com o inglês mais perfeito que já vi, única também em vários outros sentidos; ou ainda Romain “doesn’t anybody here use drugs?” e Malu, o doido casal de jovens franceses. São pessoas que provavelmente nunca mais verei e que me deram momentos que não se repetem e que vou guardar por um bom tempo.

Em viagem, quando se encontra alguém, sempre se fala em reencontro. É menos um plano que uma maneira de driblar o desconforto da despedida. “Vou te visitar quando for pra Tóquio”, “Qualquer dia vamos tomar uma cerveja em Praga”, “Reserva um sofá na tua casa pois vou pra Copa do Mundo no Brasil”. Foi assim em Vancouver o tempo todo. Os únicos que fiquei sabendo que se encontraram foram japoneses no Japão e brasileiros no Brazil.  Sabe-se que na maioria das vezes as pessoas nunca mais vão se ver, cada uma seguindo seu próprio rumo. No meu primeiro dia de viagem, há 18 dias, em Seattle, conheci algumas pessoas que fizeram a smesmas promessas de reencontro. Por incrível que pareça, acabei mesmo reencontrando uma delas. Henrietta, voltando pra Alemanha, veio pegar o voo de volta em San Francisco, onde estou, e ficou no mesmo albergue que eu. Como em viagem tudo se acentua, pareceu um reencontro de velhos amigos, com conversa madrugada adentro. Reencontro com gosto de despedida, pois logo ela parte de novo pra terra do nunca mais e eu também.

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