Existe um tipo de sociólogo que há alguns anos adotou o discurso de que não existem raças. Eles não perdem uma única oportunidade de soltar sua pérola: "Já foi cientificamente comprovado que não existem raças!" Sempre assim, com ponto de exclamação. Basta alguém comentar sobre a cor do cabelo ou dos olhos de alguém e eles se atiram sobre a mesa do bar (seu habitat): "Já foi cientificamente comprovado que blablabla..."

Sério, caminhar por Downtown Vancouver é a maneira mais rápida de dar a volta ao mundo. Não apenas pelas pessoas que você vai ver, mas também pelos restaurantes. Numa praça de alimentação de shopping center é possível encontrar comida chinesa, árabe, mexicana, vietnamita e indiana.
Alguns desses povos andam mais segregados, como os chineses. Engraçado que estão dominando o mundo ao mesmo tempo em que têm tradição de se fechar em guetos. A Chinatown de Vancouver é a terceira maior da América e lá você encontra de tudo, principalmente coisas nojentas que eles chamam de comida. Se vir gente andando em carrões turbinados com o som no volume máximo fazendo tremer as vitrines e assustar os passarinhos, a probabilidade de ser árabe é de 97,3%. Eles são fáceis de ser reconhecidos de longe: se vestem como jogadores de futebol brasileiros novos-ricos.
Mas aqui a mistura racial, pelo menos no quesito interação social, se vê bem mais forte que na Califórnia, por exemplo. Lá os grupos andam separados. Mexicanos. Negros. Brancos. Aqui, numa mesa de bar, o que você vai ver muitas vezes parece aquelas propagandas de banco em que tentam colocar uma pessoa de cada raça: um loiro, um oriental, um miscigenado e um negro bonito.
Ah, sim, falei nessa mistura toda, mas não dei a ideia geral do que é a cidade. Mais da metade das pessoas é de origem asiática. Como a imigração é forte por aqui há anos, também se vê alguma resistência, como uma pichação que vi num muro outro dia: "Too many foreigners!".
Ah, as fotos ilustrativas do post são de canadenses originais, que moravam aqui antes dos imigrantes europeus.